Setzer e questões de gênero (movido da thread sobre evento de e-sports para mulheres)

*gênero

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Olá! :older_man:

Baixou de novo o arauto do Professor Setzer desculpa aí gente.

Quem mandou o Wil me apresentar a ele?

MUITA Atenção Galera! 1994 e antroposofia como contexto!!!

"A Newsweek menciona que a primeira programadora foi Lady Ada Lovelace, assistente de Charles Babbage, e faz o seguinte comentário que, de acordo com as minhas observações acima, não poderia ser mais estúpido: “Se [Ada] tivesse se tornado um modelo, talvez centenas de milhares de garotas teriam passado suas adolescências trancadas em seus quartos olhando para a tela de um computador”. Felizmente, elas foram mais espertas e não fizeram isso!!! "

https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/Homens-Mulhs-Comps.html


Correlato: o interesse do UspGameDev por jogos analógicos e foco na solução de PROBLEMAS.


Também Correlato:

O tanto de porrada que eu levei trabalhando com educação infantil bate com os achados deste outro artigo:

Paz e amor,

ChicO

Que artigo bosta esse do ime. Por favor me diga que vc linkou ele ironicamente


"orenjiakira
33m

Que artigo bosta esse do ime. Por favor me diga que vc linkou ele ironicamente"
(Sobre o evento de e-sports das mulheres)

Que pena que você ache o artigo uma bosta Akira.

Ok se vc quer trollar, vc nao se importa com ban, né?


"orenjiakira
1h

Ok se vc quer trollar, vc nao se importa com ban, né?"

Não é trolagem não cara. Não precisa ameaçar com ban. Você tem o direito de achar o artigo uma bosta. Desculpe se lhe desapontei ou ofendi de alguma maneira. :heart:

Movi essa parte da conversa para outro tópico para não atrapalhar a organização para o evento.

@chicortiz
O que está acontecendo é que não ficou nem um pouco claro o seu ponto de vista. Esse artigo específico do Setzer, mesmo dentre as pessoas que respeitam a opinião dele, é MUITO mal visto. Por outro lado, o outro artigo que você mandou fala como estereótipos de gênero influenciam crianças. São ideias bem divergentes, e não deu para entender qual você está querendo chamar a atenção para.

Fora isso, tome cuidado para não atrapalhar as threads destinadas para organização de projetos, por favor.

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Oi Wil. Uma pena que seja mal visto. Entendo o motivo: Não é amparado por citações quantitativas. É de 1994, etc.
A ponte: “Correlato: o interesse do UspGameDev por jogos analógicos”.
Portanto um retorno da sensualidade? Talvez impossível no caráter reflexivo do monitor (display)? De novo a antroposofia.

O segundo artigo é o contraponto quantitativo. O meio social influenciando a formação infantil.

Obrigado por dividir o post e me desculpe pelo caráter digressivo de minha postagem, ainda que esta não fosse minha intenção original. Entendo que acabei por atrapalhar a organização de uma agenda.

QUE BOM QUE É MAL VISTO. Se você acha uma pena, vou assumir que sua opinião sobre assuntos de gêneros está no nível da ideologia de 1994 de um homem branco hétero que não acredita em hormônios. Para você ter uma noção de quão ruim esse artigo é vou citá-lo aqui mesmo:

Para examinar a questão porque os homens se comportam de maneira diferente das mulheres com relação ao uso dos computadores e ao seu interesse nessas máquinas, é necessário começar observando quais são as diferenças essenciais entre os sexos. Como não sou psicólogo, não vou cobrir as várias teorias psicológicas tradicionais sobre o assunto, como por exemplo a teoria de Jung que leva em consideração as diferenças entre “animus” e “anima”. Ao invés disso, vou basear-me nas minhas próprias observações, nas da minha esposa (que é médica) e no bom senso. As considerações escritas abaixo aplicam-se às diferenças em geral; elas não podem ser aplicadas a indivíduos em particular a menos como uma base para mais observações.

(destaque meu)
Primeiro de tudo, não se começa um artigo falando que você está baseando ele no seu achismo, muito menos no “bom senso”. Ele continua e começa a listar características de homens e mulheres, sem citar fonte nenhuma, tirando do cu dele. O disclaimer de que são “características gerais” não cola.

Não bastando isso, ele ainda usa essas características como base para argumentar comportamento social, e ainda se finge tentando por um ar de antropologia. Ele não contextualiza nada de ambiente social e começa a cagar regra social. Bosta. Pura bosta. Se fosse um artigo recente ia tá todo mundo mandando o link do vídeo do Caetano falando, “Isso é burrice.”

Não é amparado por nenhuma citação. Ponto. A citação que ele faz ele abertamente ignora. Vergonha.

Esse parágrafo não diz bosta nenhuma. Sensualidade aonde, querido? A gente tava falando sobre inclusão de gênero; sensualidade é literalmente a ÚLTIMA COISA que a gente quer. A gente tá justamente num contexto social de hipersexualização da mulher nos videogames, e você quer me dar um argumento que apela para a sensualidade? Aliás, nem um argumento, você jogou palavras numas frases soltas sem sentido ou explicação.

E fez a mesma coisa com os artigos. Falou “correlato” e saiu correndo. Quando lhe pedido uma explicação, você foi e disse, “Que pena.” Sinto muito, mas a minha interpretação de quando alguém joga um artigo bosta altamente com cara de bait como esse e não contextualiza sua postagem, é trollagem: pura e simplesmente para me deixar bravo. AINDA MAIS NUMA THREAD SOBRE UM PROJETO CUJO MÉRITO É PROMOVER A IGUALDADE DE GÊNERO. Como se não bastasse isso, a resposta de “que pena” apenas fomenta ainda mais essa interpretação.

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Um artigo é qualitativo o outro é quantitativo.

O contato com peças de madeira num tabuleiro de xadrez analógico é sensual.

A palavra que você procura é sensorial e não sensual.

Um artigo é achismo, o outro é científico. Qualitativo seria pegar pesquisa de psicólogos, psiquiatras, sociólogos, filósofos – como o segundo artigo faz, e o do Setzer não faz. O que o Setzer faz é pegar umas frases soltas de textos sem contextualização, sem interpretação nenhuma do que é feminino ou masculino além da bosta do senso comum dele. A ideia de que ele é mais inerentemente engenhoso do que a esposa dele para fazer geleia é a cereja do bolo – é uma clara bandeira vermelha gigantesca do quão machista ele é.

Qualquer análise determinística (leia-se: confundir sexo e características secundárias sexuais com gênero) sobre assuntos de gênero é bosta, pelo simples motivo de que gênero varia culturalmente, espacialmente, e temporalmente. Masculinidade e femininidade não tem nada a ver com cromossomos, e são características puramente socioculturais. É difícil entender isso? Talvez seja para homens heteronormativos que se beneficiam da ideologia arcaica de divisão de papéis de gênero. Não ser capaz de entender isso é uma atitude moralmente perigosa – ao aceitar noções tradicionais sobre masculinidade e femininidade como inerentes ao sexo, tudo aquilo que desafia essa ideologia se torna marginal, errado, deviante: gays, lésbicas, trans, bi/pan, intersexo, mulheres que gostam de computadores, homens que compartilham seus sentimentos de maneira saudável (wow!).

Sinto muito se não estou surpreso de que foi um homem que escreveu esse artigo, e sinto muito se não estou surpreso de que foi um homem que o compartilhou de maneira não-irônica. Homens cis heterssexuais são os únicos a se beneficiar das ideias dele. Muito fácil atribuir características fenotípicas altamente variávels e não determinísticas a uma categoria (mulheres), apenas para excluir essa categoria de ambientes (computação) que não convém à classe dominante (homens). Afinal, a presença feminina no ambiente da computação é uma ameaça direta ao status quo da dominação masculina no meio. Você acha que não? Ou você tava cego durante o incidente da Anita Sarkeesian? Imagina não poder criticar homens porque você teme a sua própria vida. De novo: muito fácil ser homem cis hétero e sair compartilhando ideologias de merda que beneficiam sua posição de poder. Dar crédito ao ensaio do Setzer é dar crédito ao patriarcado, que, de novo, É JUSTAMENTE O ENEMIGO DO EVENTO DE E-SPORTS. Depois você se pergunta o porquê de eu estar bravo.

orenjiakira
29m

A palavra que você procura é sensorial e não sensual.

Um artigo é achismo, o outro é científico. Qualitativo seria pegar pesquisa de psicólogos, psiquiatras, sociólogos, filósofos – como o segundo artigo faz, e o do Setzer não faz. O que o Setzer faz é pegar umas frases soltas de textos sem contextualização, sem interpretação nenhuma do que é feminino ou masculino além da bosta do senso comum dele. A ideia de que ele é mais inerentemente engenhoso do que a esposa dele para fazer geleia é a cereja do bolo – é uma clara bandeira vermelha gigantesca do quão machista ele é.

Qualquer análise determinística (leia-se: confundir sexo e características secundárias sexuais com gênero) sobre assuntos de gênero é bosta, pelo simples motivo de que gênero varia culturalmente, espacialmente, e temporalmente. Masculinidade e femininidade não tem nada a ver com cromossomos, e são características puramente socioculturais. É difícil entender isso? Talvez seja para homens heteronormativos que se beneficiam da ideologia arcaica de divisão de papéis de gênero. Não ser capaz de entender isso é uma atitude moralmente perigosa – ao aceitar noções tradicionais sobre masculinidade e femininidade como inerentes ao sexo, tudo aquilo que desafia essa ideologia se torna marginal, errado, deviante: gays, lésbicas, trans, bi/pan, intersexo, mulheres que gostam de computadores, homens que compartilham seus sentimentos de maneira saudável (wow!).

Sinto muito se não estou surpreso de que foi um homem que escreveu esse artigo, e sinto muito se não estou surpreso de que foi um homem que o compartilhou de maneira não-irônica. Homens cis heterssexuais são os únicos a se beneficiar das ideias dele. Muito fácil atribuir características fenotípicas altamente variávels e não determinísticas a uma categoria (mulheres), apenas para excluir essa categoria de ambientes (computação) que não convém à classe dominante (homens). Afinal, a presença feminina no ambiente da computação é uma ameaça direta ao status quo da dominação masculina no meio. Você acha que não? Ou você tava cego durante o incidente da Anita Sarkeesian? Imagina não poder criticar homens porque você teme a sua própria vida. De novo: muito fácil ser homem cis hétero e sair compartilhando ideologias de merda que beneficiam sua posição de poder. Dar crédito ao ensaio do Setzer é dar crédito ao patriarcado, que, de novo, É JUSTAMENTE O ENEMIGO DO EVENTO DE E-SPORTS. Depois você se pergunta o porquê de eu estar bravo.

"Eu achei legal a ideia de falar sobre mulheres do uspgamedev, mas temo que iremos repetir sobre as mesmas três (exagero meu, devem ser mais) pessoas e desanimar um pouco a galera… O que você acha? O @Kazuo na real deve ter um registro mais certo de mulheres que se interessaram pelo grupo nos últimos anos, e também sobre quem são os membros ativos atuais. Isso deve ajudar a acelerar a pesquisa já.

Agora, se eu, pessoalmente, tenho coisas a acrescentar, eu não sei. Eu tenho minha visão queer e minhas impressões (vulgo opiniões, e portanto sem muito mérito) negativas sobre ambientes predominantemente cishet masculinos, e como a indústria de games reflete essa imagem nos seus produtos. Mas não sou a melhor pessoa para falar disso, especialmente não em um ambiente de mulheres para mulheres. Tem um TCC de uma aluna da FAU sobre o assunto que posso tentar encontrar, tho. Ela resumia bem arquétipos de personagens femininos em jogos, e acho sempre legal trazer a ideia de que, “em uma equipe com diversidade, essas coisas são mais difíceis de passar.”

Resumo: eu sei falar mal de homem, e só, hue. Não sei se é uma boa ideia falar disso no evento anyway. Acho que isso talvez vai surgir possivelmente na roda de debate que você sugeriu, como um dos muitos pontos de interesse. O que você acha?"


Puxa Akira até que você está bem entendido do assunto para quem:

“pessoalmente, tenho coisas a acrescentar, eu não sei. Eu tenho minha visão queer e minhas impressões (vulgo opiniões, e portanto sem muito mérito)”.

Quanto a palavra, é sensualidade mesmo eu não me enganei.

Creio que você está menosprezando a existência de hormônios.
Não sei se isso é muito científico da tua parte.

Wow. Se você quer apelar pelo ad hominem, sugiro que ao menos tente fazê-lo de maneira inteligente. Por exemplo, se você for citar algo meu para disputar, sugiro que pegue a frase inteira.

Agora, se eu, pessoalmente, tenho coisas a acrescentar, eu não sei. Eu tenho minha visão queer e minhas impressões (vulgo opiniões, e portanto sem muito mérito) negativas sobre ambientes predominantemente cishet masculinos, e como a indústria de games reflete essa imagem nos seus produtos.

Quando me referi às minhas impresões pessoais, me referi às minhas experiências pessoais ao me deparar com ambientes predominantemente masculinos e heterossexuais, como quando comecei a participar do uspgamedev. Ou você quer que eu cite minhas experiências pessoais como científicas? Ou ainda mais, a próxima frase elucida ainda mais minha cautela em reforçar essa ideia:

Mas não sou a melhor pessoa para falar disso, especialmente não em um ambiente de mulheres para mulheres.

Porque o evento é sobre mulheres, e não sobre a comunidade LGBTQIA+. Há assuntos relacionados? Com certeza. Como já disse, ideologias que reforçam a patriarquia são nocivas para a comunidade. Por isso ofereci minha experiência, porém com a cautela de que ela seria diferente, e talvez não tão relevante. Você quer saber do que eu poderia sugerir, por exemplo, como impressão minha? Eu podia, sei lá, falar sobre o trope de personagens mulheres serem tratadas como recompensas no enredo de vários video games (para citar alguns, poucos de muitos e muitos: Toda a série de jogos Super Mario, Star Fox: Adventures, a série de jogos Legend of Zelda em geral), e como isso sugere uma visão protagonística do homem heterossexual, o que sugere pouca participação e poder de mulheres e homens não-hétero no desenvolvimento desses enredos. Eu até sugeri o TCC de uma aluna da FAU (infelizmente ele está disponível apenas fisicamente na biblioteca, mas vou procurar mais) justamente para suprir a minha falta de estudo formal sobre o assunto. Eu explicitamente também deixei ao escrúpulo das mulheres de julgarem se minhas experiências seriam válidas ou não. Não lembro de ter dito que homens poderiam me disputar, mas se tanto quiser, sinta-se à vontade. Mas tenha um pouco de boa vontade e, em vez de tentar de questionar a minha integridade, questione as minhas ideias. Senão você só estará sendo mesquinho.

Se você acha que isso é bobagem, e que tudo que eu falei foi bosta, sinta-se livre para disputar tudo que eu falei. Mas, né, toma cuidado para não perpetuar ideologias que excluem populações marginais. Eu posso interpretar como discurso de ódio e um ataque pessoal a minha existência e à existência de meus amigos. Você nunca apanhou na rua por ser viado, né? Eu não tolero discursos que fomentem a marginalização da minha comunidade.

De novo: wow. De onde você tirou essa ideia? Quer fazer um ad hominem? Se quer me criticar pelo menos critique coisas reais.

Você foi explicitamente avisado sobre trollagem.

Eu entendo. Você está dizendo que eu estou desnecessariamente sendo agressivo, como o policial da foto, certo? O tempo todo falei que o artigo foi bosta. Falei mal do Setzer, não de você. O máximo de julgamento que passei sobre você foi: “Fale com mais clareza.” e “Me diga porque você está defendendo esse artigo bosta, e me de um bom motivo para não suspeitar de sua índole por linkar ele não-ironicamente.” E em ambos quesitos você falhou, e continua a insistir em falhar. Se você não quer falar nada, okay.

Fica aí sem falar por alguns meses. Quer trollar, sofre aí.